Archive for maio 2011

Passagem

Os pensamentos estagnam lentamente,
A morte congela o que já não se sente.
A luz apaga-se no vazio,
Transportando aquele imóvel corpo frio
Para o lugar mais temível e sombrio,
Tão horrível quanto transcendente.

Ao inferno um homem chegou!
E maravilhado com tamanha tentação,
Sem pensar, cegamente se entregou.
Satanás o possuiu,
Seu corpo consumiu
Até à mais íntima sensação.

E deus, perante tudo, adormeceu.
Fechou os olhos e esqueceu
Que a sua Criação o traíra
Construindo um mundo de traição e mentira.

E passivamente por ele passamos,
Ao seu cinismo nos entregamos.
Nada fazemos para mudar,
Nem o mínimo esforço para pensar.
Porque preferem viver no comodismo
A ter que enfrentar o próprio cinismo.

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Tempo

Tempo…
Como tu passas
Por essas vidas escassas.
Como tu roubas um momento
Do berço materno do sentimento.

Sufocas com a tua permanência,
Imune a qualquer existência,
Os teus segundos fazem nascer,
Os teus dias permitem viver
E os anos que transportas,
Lentamente, me forçam a morrer…
Mesmo sendo eu, memórias já mortas.

E toda esta angústia pela morte,
O tempo que voa e leva a sorte,
A horrível incerteza do fim,
Os dias que se afastam de mim…
E quanto mais perto
Do vazio eu chegar,
Saberei, de certo,
Que a vida está a terminar.

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and love dies in your eyes

don't talk about my heart, 'cause you never knew the feelings within and you'll never know which is my sin.

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Fosse eu quem tu amavas

Quanto menos queria um fim,
Mais rápido acabavas.
E era, amor, assim,
Devagar que me deixavas.
E fosse dor o que sentia
Pois ódio já não o podia.

Só tu nos dias perduravas,
Todo o resto com a brisa ia.
Fosse eu quem tu amavas
E "meu amor" não morreria.

E as promessas um dia feitas
São agora vaga esperança,
Que me alimentam a alma desfeita
Ansiando por bonança.

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